Nesta quarta-feira (19), a Receita Federal e a Polícia Federal deflagraram a operação “La Casa de Papel”, que envolve criptomoeda. O objetivo da operação é desarticular organização criminosa especializada na captação de valores de investidores.
Segundo a Receita Federal, a captação de valores dos investimentos tinha o pretexto de gerir aplicações altamente rentáveis em setores de minas de diamantes, energia, viagens e vinhos.
Essa organização criminosa detém uma criptomoeda própria, mas sem autorização para atuar como instituição financeira.
As investigações começaram após dois integrantes do grupo e seu segurança particular serem presos em flagrante, no ano passado, na cidade de Dourados (MS). A detenção ocorreu pelo transporte de US$ 100 mil em pedras preciosas (esmeraldas), sem a posse de documentação comprobatória.
Diante do prosseguimento das investigações, a Receita informa que foi constatado que os envolvidos tinham relação com uma entidade religiosa. Isso possibilitou que outros envolvidos fossem identificados.
A investigação constatou que os investigados desenvolveram uma rede de colaboradores e seguidores na internet, causando prejuízo a “investidores” do Brasil, Europa e, especialmente da América Latina.
A Receita informa que o esquema movimentou valores da ordem de milhões de dólares. Mais de 1,3 milhão de pessoas foram prejudicadas, com a alegação de “ataque de “hackers”, auditorias e mentiras”.
Atuação dos criminosos que envolve criptomoedas
Por meio de aplicativos e sites que mantinham nas redes sociais, os criminosos prometiam que os investimentos seriam multiplicados em ganhos diários. Isso aconteceria por meio de transações no mercado de criptoativos por supostos traders a serviço da companhia.
No fim do ano passado, o grupo criminoso chegou a criar duas opções de criptomoeda, mas sem qualquer lastro financeiro. Foi identificada a manipulação de mercado para que um desses ativos tivesse valorização artificial de 5.500% em somente 15 horas.
“Tudo isso para manter a pirâmide financeira o mais tempo possível em atividade, pois as criptomoedas foram também utilizadas para pagar os investidores”, alega a Polícia Federal.
Apesar disso, depois do aumento considerável e especulativo promovido pelos investigados, as duas opções de criptomoeda perderam todo o valor de mercado.
Conforme a Receita, estão sendo cumpridos 6 mandados de prisão preventiva e 23 de busca e apreensão.
Além disso, ainda houve a determinação de suspensão de atividades econômicas de 26 pessoas jurídicas. Estre elas, há uma igreja usada na movimentação de lavagem de valores do esquema financeiro.
As ações são realizadas nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Goiás, Maranhão e Santa Catarina.