O Auxílio Brasil de R$ 600 libera, atualmente, a segunda parcela a 20,65 milhões de beneficiários. O aumento, embora ainda não seja o suficiente para suprir as necessidades básicas do cidadão, tem sido usado, em sua maioria, na aquisição de alimentos.
A preferência de uso do Auxílio Brasil foi identificada através de uma pesquisa Datafolha realizada entre os dias 20 e 22 de setembro. Na ocasião, 76% dos beneficiários usam os R$ 600 do programa para comprar alimentos. Do total de entrevistados, 27% alegam que a quantidade de produtos que se consegue adquirir com o benefício não é o bastante.
A pesquisa também apurou o endividamento no Auxílio Brasil, que atinge 11% dos beneficiários. Inclusive, este quantitativo usa o benefício para quitar ou amortizar dívidas. Na sequência, os usos mencionados com maior frequência foram:
- Remédios – 6%;
- Aquisição de gás de cozinha – 2%;
- Demais gastos – 5%.
Além do mais, 24% dos entrevistados informaram que algum membro do grupo familiar recebe o Auxílio Brasil, enquanto 7% são amparados pelo Vale-Gás.
Auxílio Brasil de R$ 600 não paga cesta básica
O benefício de R$ 600 pago através do Auxílio Brasil é insuficiente para custear a cesta básica para cerca de 2,4 milhões de famílias. Uma apuração feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), aponta que a cesta básica era comercializada na capital paulista pelo preço médio de R$ 749,78 no mês de agosto.
O valor é R$ 149,78 superior ao Auxílio Brasil de R$ 600 recebido por 20,65 milhões de famílias brasileiras em situação de vulnerabilidade social neste mês de setembro.
O hiato entre o mínimo necessário para viver e a concessão feita pelo programa é uma realidade sentida na pele pelos beneficiários de 11 capitais analisadas pelo Dieese. Somente em oito capitais brasileiras o benefício consegue suprir os custos de uma cesta básica.
Poder de compra do Auxílio Brasil de R$ 600
A variação do poder de compra do Auxílio Brasil de R$ 600 em relação à cesta básica sofre variações de acordo com o custo de vida em cada região analisada pelo Dieese.
Em um estudo publicado em 2021, o coordenador da Cátedra Ruth Cardoso e professor do Insper, Naercio Menezes, evidenciou os impactos que os benefícios sociais podem ter em orçamentos familiares de regiões distintas.
Na época, o levantamento foi realizado com base nos preços praticados pelo mercado em abril de 2021. Na época, foi identificado que um residente do Ceará precisaria de R$ 134 para comprar alimentos e consumir as calorias necessárias. Já em São Paulo, o valor mínimo necessário aumentou para R$ 180.
Destacando que a quantia é pessoal. Logo, neste segundo cenário, levando em conta as necessidades de uma família composta por quatro pessoas, os gastos com alimentação seriam de R$ 736.
“Os R$ 600 (do Auxílio Brasil) não são suficientes para a pessoa que mora na região metropolitana de SP comer o suficiente e ter as calorias necessárias, por isso que tem a volta da fome. Eu defendo os valores diferenciados porque o custo de vida é diferente”, afirmou Menezes.