Na entrevista coletiva dada após a decisão de elevar os juros nos Estados Unidos, o presidente do FED (Federal Reserve), o banco central dos EUA, Jerome Powell, reiterou a mensagem favorável a mais altas nos juros que vem acontecendo no decorrer de suas mais recentes aparições em público. No entanto, ele admitiu os reflexos que isto pode causar no mercado de trabalho.
O executivo explicou que sua mensagem base não se alterou em relação as declarações dadas no simpósio anual de Jackson Hole, no final do mês passado, e reafirmou que o Banco Central americano está “fortemente comprometido” em colocar a inflação novamente na meta de 2% e que “continuaremos com os nossos esforços até estarmos confiantes de que o trabalho está feito”.
Ao ser perguntado sobre as expetativas do FED para a taxa de desemprego, que é de alta de 4,4% no ano que vem, Jerome admitiu que é preciso desacelerar o mercado de trabalho americano, que ainda está “extremamente apertado”, subindo a taxa de desemprego no país. Mas, ele destaca que a criação de novas vagas de trabalho permanece fortíssima.
“Nunca diremos que há pessoas demais trabalhando, mas o que ouvimos das pessoas é que elas estão sendo realmente prejudicadas pela inflação. Gostaria que houvesse um jeito indolor de reduzir a inflação, e ainda não desistimos de que há um caminho de vermos apenas uma alta modesta da taxa de desemprego, mas isso é algo que precisamos fazer”, disse ele.
Através de nota remetida ao Valor, Omair Sharif, da Inflation Insights, sinalizou que “se o Fed atingir a sua projeção de desemprego de 4,4% em 2023, então, se todos os outros fatores forem os mesmos, isso significaria mais 1,23 mihão de desempregados” nos Estados Unidos. “Quando você pensa no preço a ser pago para reduzir a inflação, ele inclui pelo menos mais um milhão de desempregados”, disse.
Risco de recessão
Powell acredita que a condução atual da política monetária será o bastante para restaurar a estabilidade de preços e reduzir a inflação.
Por fim, sobre o risco de uma recessão, ele se mostrou incerto, afirmando que um “pouso suave” é um desafio. “Ninguém sabe chegaremos a uma recessão e, se isso acontecer, o quão profunda será. Mas não trazer a inflação para baixo traria dores maiores mais adiante”, disse ele.