Uma possível recessão na Europa entre o fim deste ano e o começo de 2023 vem sendo sinalizada todos os dias por agências de risco, centros de estudo e casas de análises de investimentos no mundo todo. Isto pode trazer reflexos ruins para a economia mundial, que ainda tenta se recuperar dos efeitos negativos da pandemia do coronavírus. Aqui no Brasil, diversas empresas estão expostas de forma direta ou indireta à crise na Europa.
O problema relacionado ao fornecimento de energia elétrica no continente, que deve se agravar por conta da chegada do inverno no Hemisfério Norte, deixa os preços preços nas alturas, pressiona índices de inflação e obriga os Bancos Centrais a elevar as taxas de juros, com o objetivo de desacelerar a atividade.
Paralelo a isso, os governos elevam as despesas para dar conta de subsídios às contas de luz e criam estratégias para diminuir o consumo.
Como isto afeta o Brasil
Diante desta possível recessão, como as empresas brasileiras que possuem negócios com a Europa podem ser prejudicadas? Um estudo realizado por Aline de Souza Cardoso, estrategista de ações do banco Santander, desenhou um panorama deste cenário.
As empresas brasileiras foram alocadas em três categorias. Numa categoria à parte, foram inseridas empresas controladas por grupos europeus: Telefônica Brasil (VIVT3), TIM Brasil (TIMS3), Ambev (ABEV3), Engie Brasil (EGIE3), Energias do Brasil (ENBR3), Neoenergia (NEOE3), Assaí (ASAI3) e Carrefour Brasil (CRFB3).
Para estas empresas, os reflexos de uma recessão nos países-sede não será grave em termos de receita, mesmo que aconteça um corte de custos e queda no fluxo de caixa nas matrizes.
Já as outras categorias englobam empresas que possuem uma dependência maior de receitas oriundas da Europa e as que tem uma porcentagem significativa de custos operacionais no continente.
Nestes grupos, foi percebido que Iochpe-Maxion, Embraer (MYPK3), Weg (WEGE3), Natura (NTCO3), Klabin (KLBN11), Suzano (SUZB3), CSN (CSNA3), Aeris (AERI3) e Tupy (TUPY3) são as companhias mais expostos à Europa. A exposição dessas empresas é de 20% ou mais.
De acordo com Aline, um inverno rigoroso em um cenário de falta de energia pode deixar algumas dessas empresas mais competitivas pelo fato de não enfrentarem os mesmos custos de energia de empresas locais concorrentes.