O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a autoridade não planeja reduzir os juros neste momento. Com isso, o executivo contraria a perspectiva indicada pelo mercado financeiro. A declaração ocorreu em evento promovido pelo jornal Valor Econômico, nesta segunda-feira (5).
Segundo o presidente do Banco Central, a luta contra a inflação “não está ganha”. A taxa básica de juros da economia, a Selic, é o principal instrumento para combater o aumento dos preços ao consumidor brasileiro.
O executivo afirma que “no Brasil, como a gente começou a subir antes e fez uma subida mais forte, existe um entendimento que basicamente o trabalho já está feito e que a gente tem um apreçamento, ou seja, um mercado esperando uma queda de juros”.
Apesar da previsão dos agentes do mercado, o presidente do BC alega que “a gente tem comunicado que a gente não olha, não pensa em queda de juros neste momento”.
Campos Neto ressalta que a autoridade monetária “pensa em finalizar o trabalho”. Segundo ele, “finalizar o trabalho significa convergir a inflação”.
Inflação segue pesando na decisão de ajuste dos juros
Indicadores recentes vêm mostrando uma redução média da inflação. Em agosto, a prévia oficial da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), registrou queda de 0,73%.
Esta, inclusive, foi a menor taxa histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O desempenho positivo foi influenciado pela redução nos valores da energia elétrica e combustíveis.
O executivo considera que, mesmo com o resultado positivo relativo à inflação, ainda há uma “preocupação grande”. De acordo com ele, sobre a queda média dos preços, “grande parte da melhora foi por medidas do governo”.
A redução da inflação acontece após o presidente Jair Bolsonaro sancionar uma lei que limita o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre itens como energia elétrica e combustíveis.
Em meio à escalada da inflação no país, o Banco Central vem aumentando a taxa de juros desde março do ano passado. Desde então, a Selic aumentou doze vezes consecutivas. Atualmente, o indicador está em 13,75% ao ano — o que representa a maior taxa em quase seis anos.