Em tempos de crise, muitas pessoas acabam tendo que recorrer a um empréstimo para poder saldar suas dívidas. No entanto, algumas empresas vem usando o cartão de crédito para ofertar empréstimos ilegais e com juros altíssimos. Saiba mais.
É possível encontrar cartazes que anunciam este tipo de empréstimo em todos os locais. A promessa garante que o dinheiro será pago no ato, sem burocracia, e o consumidor pode pagar em até 12 parcelas diretamente em seu cartão.
Esta prática foi apurada pelo Jornal Nacional, da TV Globo, que contatou duas supostas instituições financeiras. Elas disseram por telefone como o empréstimo funciona:
“Nós transformamos o limite do cartão em dinheiro na hora. Aprovou o cartão, eu passei na máquina, aprovou, eu te dou o dinheiro na hora”.
Foi pedida pela equipe do JN uma simulação no valor de R$3 mil para ser pago em dez parcelas. Em uma destas supostas empresas, que atente em Belo Horizonte, Brasília e Goiânia, o cliente deve assumir uma dívida de mais de R$ 4 mil, debitada no cartão de crédito.
“Ficam dez parcelas de R$ 402,49. É necessário o limite disponível no cartão de R$ 4.024,90. Nós vamos passar o valor total: 4024,90”.
De acordo com especialistas procurados pelo JN, optar por este tipo de empréstimo é uma péssima escolha, em decorrência dos altos juros.
“Às vezes, ela nem percebe que está pagando tantos juros e como isso pode impactar aí o salário dela. Se você passar R$ 4 mil no crédito e levar para casa R$ 3 mil e pagar em dez parcelas, isso equivale a uma taxa de juros de 4,5% ao mês, quase 60% ao ano, que é uma taxa muito alta. Em um banco tradicional, uma taxa para um crédito pessoal seria em torno de 2,5% ao mês, que representa metade desses juros cobrados nesse cartão de crédito”, explicou ao JN, Fabiano Santos, coordenador do MBA em Finanças do Ibmec-BH.
Cuidado
Além de não ser a melhor escolha em um momento de aperto, este tipo de empréstimo não pode ser oferecido por qualquer empresa. No entendimento da associação que representa o setor de meios eletrônicos de pagamentos, operações de crédito ou empréstimos são serviços que só podem ser ofertados por instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central.
A Federação Brasileira dos Bancos disse ao JN que esse tipo de negociação é ilegal, lesa os consumidores e deve ser denunciada.