A discrepante combinação econômica entre alto custo de vida e salário mínimo extremamente abaixo do ideal é reflexo da inflação na casa dos dois dígitos. O reflexo é mais de 71 milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade social.
O número compõe o Mapa da Fome apurado em novo relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). No entanto, a alta da inflação não é uma condição exclusiva do cenário brasileiro.
O administrador do Pnud, Achim Steiner, informou que a análise também identificou outros 159 países em desenvolvimento que também enfrentam a alta dos preços nas principais commodities.
“Altas de preços sem precedentes significam que, para muitas pessoas ao redor do mundo, a comida que eles podiam comprar ontem não está mais ao alcance hoje. Esta crise do custo de vida está levando milhões de pessoas à pobreza e até mesmo à fome a uma velocidade de tirar o fôlego. Com isso, a ameaça de aumento da agitação social cresce a cada dia”, disse Steiner.
De acordo com o relatório, nos últimos 12 meses concluídos em maio deste ano, os preços globais das principais commodities energéticas e de alimentos tiveram altas acentuadas como resultado da inflação elevada. Confira as variações que se destacaram:
- Gás natural: 166,8%;
- Petróleo WTI: 73,5%;
- Petróleo Brent: 66,8%;
- Gasolina: 82,5%;
- Trigo: 63,9%;
- Óleo de girassol: 42,4%;
- Milho: 14,3%.
Acumulado da inflação no Brasil
Fomentada pelos alimentos e refeições feitas fora de casa, a inflação acelerou de 0,47% em maio para 0,67% em junho. Os dados foram apurados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (8).
A pesquisa mostra que os preços continuam pressionados pelo consumidor, de maneira que, em 12 meses, a inflação ficou em 11,89%. Há 10 meses o índice prevalece insistente na casa dos dois dígitos, cenário identificado pela última vez em 2003. Na época, o indicador permaneceu nesse patamar por 13 meses seguidos.
Segundo o IBGE, é a maior variação para o mês de junho desde 2018, quando subiu 1,26%. O resultado veio ligeiramente abaixo do esperado. Economistas projetam alta de 0,71% no mês, segundo mediana do Valor Data.