As recentes denúncias de assédio sexual cometidas pelo ex-presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães, incentivaram que funcionárias contassem outras situações que aconteceram no interior do banco.
Uma destas funcionárias trabalha na Caixa há 11 anos e é gerente de agência há sete. Ela diz que após a entrada de Guimarães na instituição a cultura do assédio foi naturalizada. “É como se o gerente que assediava ganhasse uma estrelinha no currículo”, afirmou.
“Existem Pedros Guimarães em cada uma dessas agências, gerenciando de uma maneira sórdida mulheres, que são mães, filhas, esposas, amigas e excelentes profissionais”, disse ela.
A funcionária disse ainda que ao participar de reuniões do alto escalão da Caixa, ouvia comentários sobre outras mulheres que eram chamadas de “gostosas” e outras referencias sexistas.
Ela contou que, ao longo da gestão de Guimarães, passou por situações de assédio cometidos por colegas.
Em abril de 2020, quando grande parte dos empregados estavam em sistema home office em decorrência da pandemia, a funcionária foi chamada no Teams, ferramenta de trabalho online. Quando seu expediente já tinha terminado, ela recebeu uma mensagem
”Boa noite. Está podendo falar?”. Era um superior que perguntou o seguinte “É algo importante…esses dias de home office, trabalha de calça e blusa normal ou de shortinho e blusinha?”, perguntou o chefe.
Ela ficou impactada com a pergunta e respondeu: “Como assim? Ele então disse “Estou te zoando…era só pra saber se está de shortinho e blusinha”. De acordo com ela, esse tipo de situação era algo comum e vista como normal.
Denúncias contra Pedro Guimarães
Na última quarta, 29, o presidente da Caixa Econômica Pedro Guimarães, formalizou o pedido de demissão ao presidente Jair Bolsonaro. O pedido acontece após vir a tona denúncias de assédio sexual a funcionárias da instituição. Guimarães entregou também um a carta ao presidente em que afirma estar em envolvido em “uma situação cruel, injusta, desigual e que será corrigida na hora certa com a força da verdade”.
A saída de Pedro Guimarães já era considerada certa desde a noite de terça, 28, no entanto ele ainda não tinha sido demitido e nem decidido sair do cargo. Agora, para ocupar sua posição, um nome que vem circulando é de Daniella Marques, secretária especial de produtividade e competitividade do Ministério da Economia.
De acordo com o advogado do ex-presidente da Caixa, José Luis Oliveira Lima, Guimarães teve a sua vida devassada antes de entrar na presidência da Caixa Econômica Federal e a sua conduta ilibada foi comprovada.