Taxa Selic deve ser alterada nesta semana; confira o que pode acontecer e como isto impacta seu dinheiro

Pontos-chave
  • Selic pode ser elevada nesta semana
  • Taxa pode ir para 13,25%

Nesta semana, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) se reúne para definir uma nova taxa de juros. Segundo o consenso do mercado, é esperada uma alta de 0,5 ponto percentual, o que elevaria a taxa básica de juros, Selic para 13,25%. No entanto, a decisão ganhou características mais incertas.

A desancorarem das projeções de inflação para 2023 cresceram desde a última reunião e ainda a deterioração no balanço de risco fiscal originou um apoio adicional à possível alta adicional da Selic no mês de agosto. Este cenário inclusive já havia sido capturado em uma pesquisa realizada pelo Valor Econômico.

A pesquisa foi feita entre quinta e sexta da semana passada, depois da divulgacão do IPCA de maio, e participaram 91 instituições financeiras e consultorias. De acordo com o ponto médio das expectativas coletadas pela pesquisa do Valor, indicaram que a taxa Selic deve subir 0,5 ponto percentual amanhã, 15, e em mais 0,25 ponto em agosto, quando atingiria 13,5% no final do ciclo atual do aperto monetário.  

De acordo com a pesquisa revelada no dia 30 de maio, o consenso sinalizava uma Selic em 13,25% no final do ciclo.

Este crescimento nas projeções para a Selic acontece na esteira de uma nova deterioração da inflação que esperada num futuro próximo. Se, na pesquisa realizada antes da última reunião do Copom as projeções para o IPCA de 2023 estavam em 4%, agora elas subiram em 4,6%. É importante destacar que o futuro relevante para a política monetária engloba, neste momento, somente o ano-calendário de 2023 e que a meta de inflação do ano que vem é de 3,25%.

“Nós esperávamos que a inflação já tivesse desacelerado e a verdade é que continua havendo pressão inflacionária ainda muito espalhada e bastante preocupante na composição”, disse ao Valor Econômico a economista-chefe do Brasil do J.P. Morgan, Cassiana Fernandez. Segundo ela, esse processo vem se refletindo no crescimento das expectativas inflacionárias, especialmente no horizonte relevante para a atuação do Banco Central.

Na última sexta, 10, o J.P Morgan começou a avistar, em seu cenário básico, um ciclo ainda maior de aperto Monetário, com um incremento final da taxa Selic em agosto. Cassiana destaca que o Banco Central promoveu um ciclo muito agressivo de aperto, ao elevar o patamar da taxa Selic em mais de 10 pontos desde março do ano passado, o que acaba justificando a percepção de que o ciclo esta próximo de acabar.

“O ponto é que ainda é difícil calibrar esse fim. E, por isso, espero que o BC não só entregue uma alta de 0,5 ponto sinalizada na última comunicação, mas também deixe a porta aberta para movimentos futuros, reconhecendo que, desde a última reunião, houve uma piora no cenário de inflação”, disse ela ao Valor.

Fernando Gonçalves, o superintendente de pesquisa econômica do Itaú Unibanco, afirmou ser improvável que o BC venha a interromper o ciclo de aperto amanhã.  “Mesmo com o ‘headline’ (número cheio) um pouco melhor do IPCA de maio, os núcleos continuam extremamente altos e a inflação tem todas as características de ser persistente, bastante disseminada”, disse ele ao Valor.

Neste caminho, o Itaú interpreta que o Copom pode sinalizar que antevê um novo aumento da Selic na reunião de agosto. Na visão de Gonçalves, o comunicado deve ser parecido com o da decisão de maio, em que o colegiado trouxe fortes sinalizações, porém optou por deixar os próximos passos da política monetária em aberto, dependendo dos dados.

“Só conseguimos ver um movimento de corte de juros em meados do ano que vem. Sabemos que períodos longos de relativa estabilidade na Selic não são comuns no Brasil, mas ela vai precisar ficar estacionada para que você comece a exercer uma influência maior dos juros na economia”, disse ele ao Valor.

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Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.