O encarecimento de carros e motos não é uma condição específica dos modelos novos, apesar da 20ª alta seguida. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também apontam que o preço dos veículos usados também foram elevados, embora tenham apresentado a primeira queda em 21 meses.
Os dados foram obtidos mediante o auxílio do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), levando em conta a inflação oficial do país combinada aos preços médios dos automóveis usados. Estes, tiveram uma queda de 0,47% na passagem de março para abril de 2022, interrompendo a sequência de alta iniciada em julho de 2020.
Enquanto isso, a média de preço dos veículos novos teve um aumento de 0,44% observada através da mesma comparação. O percentual indica a manutenção da trajetória de alta dos preços que teve início em meados de setembro de 2020, durante o período mais crítico da pandemia da Covid-19.
No decorrer do ano, os carros novos ficaram 4,86% mais caros, enquanto os preços dos usados foram elevados em 3,36%. No acumulado de 12 meses, a alta registrada foi de 17,58% e 15,48%, respectivamente. No entendimento do pesquisador e analista do IBGE, André Almeida, o movimento é um reflexo da crise no setor enfrentada justamente devido à pandemia.
“Com a pandemia, ocorreu um desarranjo das cadeias globais de produção e, por conta disso, houve falta de peças para a produção de automóveis. Aos poucos, a indústria busca se ajustar ao novo cenário de mercado”, declarou.
Neste sentido, é importante mencionar que, há meses, a indústria automotiva também vem sofrendo com a falta de peças e componentes eletrônicos. O resultado tem sido a concessão de férias coletivas em fábricas como da Volkswagen, visando ajustes na produção de acordo com informações publicadas pela agência Reuters.
Por outro lado, o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz, acredita que a queda no preço dos veículos usados notada em abril pode ser uma situação pontual. Para ele, é difícil concluir pela análise de um único mês que a queda nos preços seja um efeito de juros sobre a demanda, por exemplo.