- O trabalhador brasileiro precisa trabalhar mais para comprar o quilo da carne
Nesta quarta-feira (11), o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender que o custo de vida do Brasil foi um dos que “menos subiu”, apesar do aumento da inflação. Como argumento, Jair Bolsonaro afirmou ter conversado com brasileiros que vivem fora do país.
![‘Picanha no Brasil está metade do valor do que no Canadá'; descubra se fala de Bolsonaro é verídica](https://fdr.com.br/wp-content/uploads/2021/10/bolsonaro.jpg)
Jair Bolsonaro questionou uma apoiadora, que alegou ter vivido no Canadá, sobre os preços praticados no país. O presidente ainda alegou que o combustível está caro em todo o mundo. As falas aconteceram na saída do Palácio da Alvorada.
“Estou com uma senhora aqui que mora no Canadá. O preço do combustível no Canadá como está”, perguntou Bolsonaro. Em seguida, essa mulher respondeu que o valor está acima de US$ 2 o litro.
“Então, está mais de R$ 10 o litro. E o preço da carne lá fora está quanto, subiu muito?”, questionou o presidente, logo após.
“Subiu demais. A gente compra meio quilo de carne por mais de R$ 50”, declarou a mulher. Após ser perguntada sobre qual seria o tipo de carne, a bolsonarista respondeu que o preço se refere à Picanha.
“Então, quilo de picanha, R$ 100, US$ 20”. Calculou Bolsonaro. “A crise é no mundo todo. Aqui no Brasil, está caro? Está. Agora, alguns me acusam injustamente”, prossegue.
Após isso, o chefe do Executivo perguntou, aos apoiadores, quanto está o quilo da picanha no Brasil. Essas pessoas responderam que o valor está “R$ 55, R$ 60”.
Jair Bolsonaro culpa o ‘fique em casa’
Logo após, o presidente alegou que o quilo da carne está “menos da metade do preço que está lá fora”.
“Está caro? Está caro. Por que isso daí? Vocês lembram do ‘fique em casa, a economia a gente vê depois? Então, quem mandou ficar em casa é que é o responsável por isso”, desabafa Bolsonaro.
“A gente mudou em novembro para cá, para o Brasil, porque o Brasil está muito melhor que o Canadá”, defende.
O chefe do Executivo argumenta que o custo de vida aumentou em escala global. Segundo ele, “o Brasil foi um dos países que menos subiram o preço das coisas”.
Fala de Bolsonaro sobre preço da picanha é verídica?
Para realizar o cálculo, Bolsonaro simplesmente converteu o preço para o real e comparou os valores. Diante disso, o presidente desconsiderou o poder de compra — que é a capacidade de adquirir bens e serviços com a moeda do respectivo país.
Ao fazer essa conversão simples para o real, o presidente ignorou que o tempo trabalhado no Canadá para comprar uma picanha é menor do que no Brasil. Ou seja, apesar de o preço da picanha ser maior no Canadá (na conversão simples), a realidade do Brasil com o país estrangeiro é diferente.
![O trabalhador brasileiro precisa trabalhar mais para comprar o quilo da carne](https://fdr.com.br/wp-content/uploads/2021/10/Moeda.jpg)
Segundo apurado pelo UOL, em São Paulo, o quilo de picanha pode ser encontrado por R$ 67. Isso considerando a média de três estabelecimentos consultados.
Ao considerar que o salário mínimo no Brasil é de R$ 5,51/hora, um brasileiro precisa trabalhar mais de 12 horas para adquirir um quilo de picanha — se receber o salário mínimo.
Já em Toronto, o valor de um quilo de top sirloin cap (corte parecido à picanha) pode ser encontrado por 28,50 dólares canadenses.
Ao levar em conta que o salário mínimo federal no Canadá é de 15,55 dólares canadenses/hora, um canadense deve trabalhar menos de 2 horas para adquirir o quilo — se ganhar o salário mínimo.
Ou seja, é mais difícil um trabalhador comprar um quilo de carne em São Paulo do que em Toronto. Além disso, vale destacar que, sobre o salário mínimo, Bolsonaro somente vem repondo somente a inflação.
De acordo com cálculos da corretora Tullett Prebon Brasil, ao Globo, Jair Bolsonaro encerrará seu mandato em dezembro de 2022 como o primeiro presidente, desde o Plano Real, a deixar o salário mínimo valendo menos do que quando passou a governar o país.
Sendo assim, o cálculo prevê que o governo Bolsonaro entregará o salário mínimo com perda do poder de compra. O levantamento considera que essa perda será de 1,7%.
Entre na comunidade do FDR e receba informações gratuitas no seu Whatsapp!