‘Picanha no Brasil está metade do valor do que no Canadá’; descubra se fala de Bolsonaro é verídica

Pontos-chave
  • O trabalhador brasileiro precisa trabalhar mais para comprar o quilo da carne

Nesta quarta-feira (11), o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender que o custo de vida do Brasil foi um dos que “menos subiu”, apesar do aumento da inflação. Como argumento, Jair Bolsonaro afirmou ter conversado com brasileiros que vivem fora do país.

‘Picanha no Brasil está metade do valor do que no Canadá'; descubra se fala de Bolsonaro é verídica
‘Picanha no Brasil está metade do valor do que no Canadá’; descubra se fala de Bolsonaro é verídica (Imagem: Montagem/FDR)

Jair Bolsonaro questionou uma apoiadora, que alegou ter vivido no Canadá, sobre os preços praticados no país. O presidente ainda alegou que o combustível está caro em todo o mundo. As falas aconteceram na saída do Palácio da Alvorada.

“Estou com uma senhora aqui que mora no Canadá. O preço do combustível no Canadá como está”, perguntou Bolsonaro. Em seguida, essa mulher respondeu que o valor está acima de US$ 2 o litro.

“Então, está mais de R$ 10 o litro. E o preço da carne lá fora está quanto, subiu muito?”, questionou o presidente, logo após.

“Subiu demais. A gente compra meio quilo de carne por mais de R$ 50, declarou a mulher. Após ser perguntada sobre qual seria o tipo de carne, a bolsonarista respondeu que o preço se refere à Picanha.

“Então, quilo de picanha, R$ 100, US$ 20”. Calculou Bolsonaro. “A crise é no mundo todo. Aqui no Brasil, está caro? Está. Agora, alguns me acusam injustamente”, prossegue.

Após isso, o chefe do Executivo perguntou, aos apoiadores, quanto está o quilo da picanha no Brasil. Essas pessoas responderam que o valor está R$ 55, R$ 60.

Jair Bolsonaro culpa o ‘fique em casa’

Logo após, o presidente alegou que o quilo da carne está “menos da metade do preço que está lá fora”.

“Está caro? Está caro. Por que isso daí? Vocês lembram do ‘fique em casa, a economia a gente vê depois? Então, quem mandou ficar em casa é que é o responsável por isso, desabafa Bolsonaro.

“A gente mudou em novembro para cá, para o Brasil, porque o Brasil está muito melhor que o Canadá”, defende.

O chefe do Executivo argumenta que o custo de vida aumentou em escala global. Segundo ele, “o Brasil foi um dos países que menos subiram o preço das coisas”.

Fala de Bolsonaro sobre preço da picanha é verídica?

Para realizar o cálculo, Bolsonaro simplesmente converteu o preço para o real e comparou os valores. Diante disso, o presidente desconsiderou o poder de compra — que é a capacidade de adquirir bens e serviços com a moeda do respectivo país.

Ao fazer essa conversão simples para o real, o presidente ignorou que o tempo trabalhado no Canadá para comprar uma picanha é menor do que no Brasil. Ou seja, apesar de o preço da picanha ser maior no Canadá (na conversão simples), a realidade do Brasil com o país estrangeiro é diferente.

O trabalhador brasileiro precisa trabalhar mais para comprar o quilo da carne
O trabalhador brasileiro precisa trabalhar mais para comprar o quilo da carne (Imagem: Montagem/FDR)

Segundo apurado pelo UOL, em São Paulo, o quilo de picanha pode ser encontrado por R$ 67. Isso considerando a média de três estabelecimentos consultados.

Ao considerar que o salário mínimo no Brasil é de R$ 5,51/hora, um brasileiro precisa trabalhar mais de 12 horas para adquirir um quilo de picanha — se receber o salário mínimo.

Já em Toronto, o valor de um quilo de top sirloin cap (corte parecido à picanha) pode ser encontrado por 28,50 dólares canadenses.

Ao levar em conta que o salário mínimo federal no Canadá é de 15,55 dólares canadenses/hora, um canadense deve trabalhar menos de 2 horas para adquirir o quilo — se ganhar o salário mínimo.

Ou seja, é mais difícil um trabalhador comprar um quilo de carne em São Paulo do que em Toronto. Além disso, vale destacar que, sobre o salário mínimo, Bolsonaro somente vem repondo somente a inflação.

De acordo com cálculos da corretora Tullett Prebon Brasil, ao Globo, Jair Bolsonaro encerrará seu mandato em dezembro de 2022 como o primeiro presidente, desde o Plano Real, a deixar o salário mínimo valendo menos do que quando passou a governar o país.

Sendo assim, o cálculo prevê que o governo Bolsonaro entregará o salário mínimo com perda do poder de compra. O levantamento considera que essa perda será de 1,7%.

Entre na comunidade do FDR e receba informações gratuitas no seu Whatsapp!

Silvio Suehiro
Silvio Suehiro possui formação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atualmente, dedica-se à produção de textos para as áreas de economia, finanças e investimentos.