Depois de sete meses pagando a bandeira de escassez hídrica, os brasileiros ficarão sem cobranças extras na conta de luz até o fim do ano. Pelo menos é isso que garante a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e o ONS (Operador Nacional do Sistema), órgãos que cuidam da geração e distribuição de energia elétrica no país.
No dia 16 de abril, a Aneel operou a mudança da bandeira de escassez hídrica (a mais cara já aplicada até aqui, adicionava R$ 14,20 a cada 100 quilowatts/hora consumidos) para a bandeira verde, que não adiciona cobrança extra à conta de luz.
A medida se deve à melhora no nível dos reservatórios, depois das chuvas entre o fim do ano passado e os primeiros meses de 2022. Os reservatórios registraram menos de 30% da capacidade entre agosto e novembro de 2021, o que obrigou as distribuidoras de energia a recorrem a termelétricas, que são mais caras que as hidroelétricas. O custo adicional de geração de energia foi repassado, em parte, aos consumidores, na forma da bandeira de escassez hídrica.
Em março, no entanto, os reservatórios chegaram a 65% da sua capacidade, garantindo o retorno da bandeira verde, que deve garantir uma redução de cerca de 20% no valor da conta de luz. A expectativa, agora, é de que a bandeira verde permaneça até o fim do ano.
“Tivemos volumes enormes de água que tiveram que ser administrados em algum momento do ano passado, começo desse ano. Nossa expectativa é que o setor elétrico não vai afetar negativamente o bolso do consumidor este ano”, comentou Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do ONS.
Novas tarifas?
O consumidor pode não ter mais tarifas extras em 2022, mas quando elas voltarem a ser aplicadas, podem ser ainda maiores do que já eram. Isso se deve à decisão da Aneel de avaliar reajuste nas bandeiras amarela, vermelha patamar 1 e vermelha patamar 2.
Segundo a proposta apresentada pela agência, as bandeiras seriam reajustadas da seguinte forma:
- A bandeira amarela teria reajuste de 56%, indo de R$ 1,874 para R$2,927 adicionados a cada 100 kWh;
- A bandeira vermelha patamar 1 teria reajuste de 57%, indo de R$ 3,971 para R$ 6,237 a cada 100 kWh;
- A bandeira vermelha patamar 2 diminuiria 1,7%, indo de R$ 9,492 para R$ 9,330 a cada 100 kWh.
A justificativa para os aumentos é a aceleração da inflação nos últimos meses e o custo de leilões de contratação de energia realizados no ano passado.