Investidores estão cada vez mais de olho no futebol brasileiro; saiba o motivo

Pontos-chave
  • O futebol brasileiro atraiu os holofotes no começo do ano por conta da Sociedade Anônima de Futebol, SAF;
  • Dois clubes como Cruzeiro e Botafogo já são SAF;
  • Um outro time que está entrando é o Vasco.

O futebol brasileiro atraiu os holofotes no começo do ano por conta da Sociedade Anônima de Futebol, SAF. Uma nova figura jurídica que abriu caminho para que alguns dos mais tradicionais  clubes do país, como Cruzeiro e Botafogo, atraíssem grandes investidores, alguns do exterior, dispostos a aportar recursos milionários. 

Essa entrada dos investidores nos clubes não é novidade, mas desta vez é diferente já que as conexões são mais profundas, com o direito de controlar toda a parte do futebol e a sua abrangência com o potencial de transformar o futebol.

Esse movimento acontece junto com as negociações nos bastidores para a formação de uma liga do futebol brasileiro, nos moldes da Premier League inglesa ou da LaLiga do futebol espanhol, entre outros benchmarks.

De acordo com fontes do futebol brasileiro e do mercado de capitais, as negociações para a formação de uma liga que reúna os grandes clubes estão avançando a tal ponto que um desfecho bem-sucedido pode ser anunciado até o fim deste ano.

Os bancos de investimento estão com propostas, nas quais incluem o interesse de empresas para se tornar o parceiro oficial da liga, assim como existe em países da Europa,como a LaLiga Santander, na Espanha.

Ao lado do investidor estrangeiro, essa concretização de doi negócios grandes, como aconteceu com o Cruzeiro e o Botafogo,em cerca de um mês chamou a atenção para esse ativo atraente no mercado local.

O Fig Venture Partners está estruturando um fundo de private equity, na forma de um fundo de investimento em participações (FIP), como uma forma de captar recursos junto a investidores para assumir a SAF de um grande clube brasileiro. Há negociações com três a quatro clubes das séries A e B do futebol do país, o equivalente às duas primeiras divisões.

Isso não é um evento isolado, de acordo com fontes do mercado, há interesse de investidores para clubes de diferentes tamanhos, o que desmistifica a visão de que apenas os mais tradicionais ou populares poderiam atrair investidores.

A Sociedade Anônima de Futebol é uma figura que se tornou possível no final do ano passado com a nova Lei do Clube-Empresa, cujo projeto foi aprovado no Congresso em julho.

Os clubes, Cruzeiro e Botafogo saíram na frente após a aprovação da criação de SAFs pelos respectivos conselhos e associados do clubes. 

Eles atraíram,o ex-jogador e hoje empresário Ronaldo e a americana Eagle Holding, do empresário John Textor, principal acionista do inglês Crystal Palace.

Já o Vasco da Gama, com o interesse do 777 Partners, grupo de private equity que já investiu em clubes europeus como o Genoa, da Itália, e o Sevilla, da Espanha, é o mais forte candidato a ser o próximo, mas a SAF ainda não foi aprovada pelos sócios.

Receitas

O efeito mais esperado para os clubes será o ganho de eficiência na gestão financeira. Outros serão serão estímulos a boas práticas de governança e de transparência.

Em entrevista, o sócio e cofundador do Fig Venture Partners, Christian Laloe disse que “Há dois grandes desafios, que são a gestão do futebol e a financeira, por meio de uma empresa, uma SA, que é a SAF, em que se consegue ‘trabalhar o balanço’.”

“Hoje, uma associação sem fins lucrativos não permite isso. Os clubes ‘vendem o almoço para pagar o jantar’ e vendem um jogador que vale R$ 10 milhões por R$ 2 milhões porque precisam de caixa”, afirmou Laloe.

Laloe possui uma visão de quem trabalhou por 25 anos no mercado financeiro, dos quais 15 na América do Norte e na Europa, com expertise em crédito estruturado, private equity e venture capital.

Com isso, essa é uma porta que se abre e torna mais atraente para os profissionais do mercado de capitais.

Esse executivo apontou operações de alavancagem financeira do balanço e de estruturação do crédito de longo prazo como exemplos de “trabalhar o balanço”, algo que hoje não é permitido clubes que não optaram por aprovar SAFs para a gestão do futebol.

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