Por que a bolsa de valores fica mais ‘tensa’ em anos eleitorais?

Pontos-chave
  • O período eleitoral tende a afetar negativamente a bolsa de valores;
  • O mercado tende a normalizar após a fase eleitoral;
  • A variação acontece em meio às perspectivas sobre os candidatos.

Anos eleitorais tendem a causar vais volatilidade no mercado financeiro. Até, pelo menos a definição do 1º turno das eleições, a bolsa de valores tende a ser impactada negativamente. Entenda por que a bolsa de valores fica mais ‘tensa’ em anos eleitorais.

Por que a bolsa de valores fica mais 'tensa' em anos eleitorais?
Por que a bolsa de valores fica mais ‘tensa’ em anos eleitorais? (Imagem: Montagem/FDR)

Como a bolsa de valores se comportou nas últimas eleições

A incerteza eleitoral tende a impactar negativamente o desempenho da bolsa de valores. A análise foi divulgada pelo Bradesco em outubro do ano passado. A avaliação teve como base os últimos seis ciclos eleitorais.

Os analistas, que assinaram o documento, indicaram que grande parte dos ativos passou a ficar mais volátil aproximadamente em maio do ano eleitoral. Neste período, há o lançamento oficial das candidaturas — e as pesquisas tendem a ser mais recorrentes.

Ao analisar a performance das eleições presidenciais desde 1998, o banco observou que, em média, a bolsa reduziu 15% entre maio e o início de outubro do ano eleitoral.

Os economistas informaram que esse desempenho pode ter relação com diversos fatores alheios às eleições. Como exemplo, eles citam os valores de commodities internacionais, choques internos de preços, entre outros.

Segundo documento do Bradesco, ao menos parcialmente, uma forma de controlar os impactos externos sobre as cotações, é utilizar a variação da bolsa norte-americana. Apesar disso, em média, a bolsa teve queda de 13% entre maio e outubro dos anos eleitorais.

A instituição ainda menciona que, após o 1º turno, foi observada uma valorização nos meses seguintes. Praticamente, foi houve retomada ao patamar de maio (-0,7%).

As maiores reduções aconteceram em 1998 (-42%) e 2018 (-17%). O único ano eleitoral, recente, com alta foi em 2010 (8%) — quando após o 1º turno foi observada uma diminuição de (-3%), fato que se repetiu somente em 2014 (-3%).

Mesmo assim, “a dispersão de valores máximos e mínimos é bastante grande”, declaram os analistas.

Períodos eleitorais também afetaram outros ativos financeiros

Conforme os analistas, em geral, os ativos financeiros passaram a reagir mais intensamente às eleições em maio do próprio ano eleitoral. Eles declaram que existe grande heterogeneidade entre os comportamentos mínimos e máximos no período.

O documento informa que “mesmo em eleições mais recentes, esse padrão não parece ter se alterado”. Além da bolsa, a incerteza eleitoral impactou o câmbio e os juros de curto prazo — até a definição do 1º turno.

Grande parte dos ativos tiveram alguma correção com a definição eleitoral, retornando para os níveis do início do ano.

Por fim, os economistas declaram que cada ciclo eleitoral é distinto, por sua natureza, e o ponto inicial da política econômica, juros, dívida pública e inflação importam bastante para o desempenho do quadro geral”.

As notícias podem impactar o desempenho das empresas listadas na bolsa de valores
As notícias podem impactar o desempenho das empresas listadas na bolsa de valores (Imagem: Montagem/FDR)

Por que a bolsa de valores fica mais ‘tensa’ em anos eleitorais?

A bolsa de valores representa o mercado onde acontece as negociações de participações em empresas. A venda de ações ocorre por meio da precificação do futuro.

Sendo assim, a aplicação tem como base os projetos que a companhia tem para o futuro — e não, necessariamente, no que ela tem feito atualmente.

De forma recorrente, a bolsa realiza a precificação do futuro. Diante disso, há a possibilidade de ver diversas variações no curto prazo. Diante disso, as notícias impactam a perspectiva que os investidores possuem do futuro da respectiva companhia.

No período eleitoral, quando há a divulgação da pesquisa de intenção de votos, o mercado reage conforme a expectativa sobre o reflexo que o candidato pode causar para o desenvolvimento econômico.

Por exemplo, quando as pesquisas trazem uma perspectiva positiva para os investidores, acontece uma projeção de um cenário positivo à geração de negócios. Com isso, a bolsa tende a desempenhar favoravelmente.

Por outro lado, se o resultado indica alguém que possui políticas econômicas negativas, na visão do mercado, os papéis das companhias listadas na bolsa costumam reduzir.

Basicamente, o risco de mercado abrange possíveis situações que podem fazer com que os investimentos resultem em prejuízos — ou não ofereçam o retorno esperado inicialmente.

Para medir quanto uma aplicação está exposta ao risco de mercado, é preciso observar a diferença entre o seu desempenho e a variação de sua referência, o benchmark. Com relação às ações, o grande referencial é o Ibovespa.

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Silvio Suehiro
Silvio Suehiro possui formação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atualmente, dedica-se à produção de textos para as áreas de economia, finanças e investimentos.