- A prefeitura de Lençóis Paulista (SP) suspendeu a imunização após uma criança de 10 anos sofrer uma parada cardíaca;
- Os médicos continuam reforçando a necessidade da imunização;
- Após toda a situação ter sido resolvida, os estados continuam a incentivar a vacinação em crianças.
Começou na última semana a vacinação em crianças contra o vírus da Covid-19. Mas, uma notícia nada animadora reportada nesta quarta-feira, 19, assustou todo país. A prefeitura de Lençóis Paulista (SP) suspendeu a imunização após uma criança de 10 anos sofrer uma parada cardíaca.
Em nota, a prefeitura afirmou que a explicação era uma reação adversa a vacina pediátrica da Pfizer, que foi percebida 12 horas após sua aplicação. De acordo com o relato do pai da criança, a mesma desmaiou ao ter seus batimentos cardíacos diminuídos.
A criança foi recebida em um hospital da rede particular, onde foi reanimada e passa bem. No entanto, o susto não ficou restrito apenas a família, pais de todo Brasil ficaram amedrontados com a situação.
Em entrevista ao Jornal O Globo, o geneticista e pediatra Salmo Raskin, diretor do Laboratório Genetika, de Curitiba, expressou sua opinião.
“A parada cardíaca não está nem descrita nos efeitos adversos a curto prazo da vacina. E a miocardite nessa faixa etária é raríssima, acomete 1 em cada milhão de crianças e os casos não são graves. Rara, a miocardite é mais frequente em meninos e após a segunda dose.”, disse o especialista.
Mais tarde, nesta quinta-feira (20), o Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde concluiu a investigação a respeito do caso. Segundo o órgão, a parada cardíaca da criança nada tem haver com a aplicação da vacina da Pfizer.
Pelo menos 10 especialistas acompanharam o caso. Foi visto que o pequeno imunizado na verdade já possuía uma doença congênita rara, mas que era desconhecida pela família.
Logo, concluiu-se que a parada cardíaca da criança e aplicação da dose da Pfizer não estão relacionadas. Os médicos continuam reforçando a necessidade da imunização.
Casos de Covid-19 em crianças
Especialistas da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), a Universidade de Brasília (UnB), o SENAI CIMATEC, entre outras, divulgaram uma nota em nome do projeto CoronaVidas.net.
Analisando o número de casos da Covid-19 no Distrito Federal, a nota indica que com a volta as aulas devem aumentar a infecção de crianças e jovens. Justamente por isso, a vacinação é a única saída.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul, um mês atrás a média de atendimento diário de crianças com o vírus era de 1. Neste mês, são pelo menos 10 crianças atendidas pelo mesmo motivo no sistema de saúde.
No pior momento da pandemia, em março do ano passado, o Rio Grande do Sul registrava uma média de 35 crianças internadas pela doença. Em dezembro de 2021 eram 4, e em janeiro deste ano os dados mostram 28.
A alta também aconteceu no estado de São Paulo. O governador João Doria admitiu que nos últimos dois meses houve crescimento considerável.
De 15 de novembro de 2021 para 17 de janeiro de 2022, a alta chegou a 61,3% no número de pacientes com menos de 18 anos internados nas UTIs de São Paulo.
Segundo dados divulgados pelo Instituto Butantan em 7 de janeiro deste ano, foram 1.449 mortes de meninos e meninas de até 11 anos no Brasil desde o início da pandemia.
Calendário de vacinação em crianças está ameaçado?
Pelo contrário, após toda a situação ter sido resolvida, os estados continuam a incentivar a vacinação em crianças.
Em São Paulo, por exemplo, após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar o uso da Coronavac em crianças de 6 a 17 anos, o governo anunciou a imunização deste público em três semanas.
Não estão inclusos os imunocomprometidos como público alvo deste novo imunizante.
A partir deste sábado, 22, as crianças a partir de 5 anos que não possuem comorbidades já podem ser vacinadas na cidade de São Paulo. Basta comparecer a um posto de saúde acompanhada dos pais, portando documento com foto.
A cidade do Rio de Janeiro está vacinando inicialmente os cariocas de 11 anos. E divulgou o calendário apenas desta semana. Nesta sexta-feira (21) e sábado (22), recebem as doses meninos e meninas de até 11 anos no sistema de repescagem.
Por hora, a cidade de Salvador tem vacinado crianças de 8 a 11 anos com comorbidades. Será necessário apresentar um lado que comprove a limitação.
Para acompanhar o andamento da vacinação em crianças do seu município, o cidadão deve comparecer a um posto de saúde, ou verificar as informações no site da Secretaria Municipal de Saúde. Lembrando que cada local pode criar sua prioridade com base no número de doses disponíveis.