Preferidos? Entenda como a PF e a PRF receberam mais que outros servidores

Funcionários do serviço público brasileiro foram surpreendidos no ano passado, quando o presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciou a intenção de reajustar o salário de servidores da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e do Departamento Penitenciário.

Acontece que esse grupo já conta com a valorização da renda, comparado a outros trabalhadores do funcionalismo público.

Claro que esta intenção do governo gerou uma série de polêmicas. No fim do ano passado, quando a reserva de R$ 2 bilhões para reajuste salarial dos policiais entrou no orçamento, vários setores anunciaram greve. 

Auditores da Receita Federal, por exemplo, foram os primeiros a mostrar revolta. A reivindicação era sempre a mesma: a injustiça no reajuste salarial entre os servidores do Brasil.

Entre os anos de 2012 e 2021 apenas os professores e os militares conseguiram blindar seus salários dos efeitos da inflação. E nesse período, obtiveram aumento de 12% em sua renda.

Em contra partida, segundo dados apurados pelo jornal O Globo e divulgados pelo Centro de Liderança Pública (CLP), servidores federais tiveram redução de 5% na sua renda. A diminuição foi de 11% para o pessoal do Judiciário, e de 2% na iniciativa privada.

Devido a transparência no ato de beneficiar apenas um grupo, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) informaram que se o governo aprovar o reajuste, todos os servidores deverão ser beneficiados. 

Acontece que essa medida impactaria de forma muito feroz o orçamento da União. Em outras palavras, o governo não tem cacife para bancar um aumento tão significativo.

Ainda mais que esta não é a primeira vez que o governo se mostra favorável a classe de militares. No texto da reforma administrativa, haviam versões que buscam benefícios exclusivos para policiais. A reforma empacou no Congresso.

Em 2019, na reforma da Previdência, a reestruturação de carreiras aumentou o salário dos militares. Acontece que toda essa proteção gerou um custo de R$ 217,66 bilhões para os cofres públicos, a serem pagos pelos próximos 20 anos.

Diante da situação e do perigo para a economia brasileira, caso mais categorias sejam beneficiadas, o presidente Bolsonaro tem recuado. Ele ameaçou não beneficiar nenhuma categoria de servidores federais, e deixar tudo como está.

Claro que para os policiais isto foi visto como uma traição, e esse grupo é justamente o que pertence a base aliada do presidente. Nas eleições de 2018 foram eles quem fizeram forte campanha para Bolsonaro, e espera-se o mesmo apoio agora em 2022.

Em sua defesa, a Polícia Federal divulgou uma nota alegando que os reajustes salariais aconteceram apenas em 2012 e 2016. E ainda, que neste aumento não foram considerados os aumentos de aluguel, combustíveis e outros.

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Lila Cunha
Autora é jornalista e atua na profissão desde 2013. Apaixonada pela área de comunicação e do universo audiovisual. Suas redes sociais são: @liilacunhaa, e-mail: [email protected]