No ano novo, o valor dos imóveis residenciais deve aumentar a passos mais moderados, quando comparamos com 2021, segundo empresários e analistas do setor. Neste ano, a razão principal que causou os aumentos foi o crescimento acentuado nos custos de matérias de construção, em especial, do aço e do cimento, fazendo com que as incorporadoras tivessem que repassar o custo para os consumidores como forma de preservar as margens.
O INCC (Índice Nacional dos Custos de Construção), cresceu 14,7% no período de 12 meses completados em novembro deste ano. Itens em especial contribuíram mais para este aumento, como por exemplo, os matérias metálicos. Este insumo teve um aumento de 57,8% no período citado.
Repassar os custos aos consumidores foi uma estratégia assertiva no últimos meses, uma vez que o mercado passava por um bom momento, com financiamentos a juros bem abaixo da média histórica, o que balanceava o preço mais elevado nos estandes.
Porém, esse cenário já mudou. Há poucos meses, os consumidores conseguiam pegar um empréstimo para compra da casa própria com juros entre 6% e 7% ao ano, diferentemente de agora, em que o patamar está girando em torno de 9% a 10% ao ano.
Isso faz com que suba a percepção de que as finanças dos consumidores estão prejudicadas, o que pressiona também a inflação.
No terceiro trimestre, o volume de vendas de imóveis nas incorporadoras diminuiu, demostrando uma dificuldade maior das empresas de escoar as unidades que ainda santo sendo construídas.
“A sensação é que os aumentos de preços estão batendo no teto. As vendas já não estão respondendo tão bem e isso sugere que o setor precisa de um respiro”, disse Bruno Mendonça, analista de construção civil do Bradesco BBI, ao Estadão.
Sem ter como aplicar novos reajustes nos preços dos imóveis, as incorporadoras tendem a diminuir os lançamentos no ano novo. Segundo Mendonça, a prioridade deve ficar com projetos com margens maiores.
Este também é o pensamento de Eduardo Zylberstajn, pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). “A velocidade de vendas já está menor, e muitos novos projetos não se mostram viáveis para as empresas. É de se esperar, então, menos lançamentos. O ajuste do mercado se dará pelo nível de oferta menor”, afirmou ele para o Estadão.