Governo planeja usar saldo do FGTS para lançamento de novo empréstimo

Ao que parece, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) ganhará uma nova funcionalidade. O Ministério do Trabalho e Previdência em parceria com a Caixa Econômica Federal (CEF) estudam a possibilidade de remanejar os recursos do FGTS para a criação de um novo programa de concessão de empréstimos. 

Governo planeja usar saldo do FGTS para lançamento de novo empréstimo
Governo planeja usar saldo do FGTS para lançamento de novo empréstimo. (Imagem: FDR)

A medida trata-se de uma iniciativa desesperada do presidente da República, Jair Bolsonaro, em busca de aprovação para alavancar a popularidade na disputa eleitoral.

A proposta também está relacionada ao fato de que o orçamento da União está estourado, motivo pelo qual o Governo Federal tem feito diversas investidas no intuito de abrir um espaço e conseguir alguma verba para custear as tantas promessas de campanha realizadas.

Caso a proposta de uso do FGTS na concessão de uma nova linha de empréstimo seja aprovada, cerca de R$ 13 bilhões do fundo dos trabalhadores formais seriam usados como garantia de empréstimo para pessoas com o nome restrito junto ao Serasa e SPC.

Em entrevista ao O Globo, integrantes do governo alegaram que o público-alvo do projeto são 20 milhões de micro e pequenos empreendedores e empresas.

Ainda que estejam em situação de inadimplência, essas pessoas teriam a oportunidade de adquirir empréstimos na margem de R$ 500 a R$ 15 mil, de acordo com a necessidade e possibilidades.

Para regulamentar a medida, o Governo Federal tem se empenhado para elaborar um fundo garantidor para o microcrédito, similar ao Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) que vigorou durante o período mais crítico da pandemia da Covid-19. 

Durante meses, o Pronampe foi viabilizado contando com recursos do Tesouro Nacional como garantias de empréstimos para pequenas empresas. Com a medida de suprir o risco de inadimplência, o Governo Federal conseguiu facilitar a concessão de empréstimo, por esta razão, a intenção é fazer o mesmo para negativados com recursos do FGTS.

O Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe), do Sebrae, também seria incluído nessa iniciativa junto ao FGTS como fundo garantidor. Neste caso, o aporte seria de até R$ 500 milhões.

De acordo com as estimativas feitas até o momento, a Caixa Econômica Federal visa conceder cinco vezes mais capital do fundo garantidor. Desta forma, o potencial de empréstimo seria de, no máximo, R$ 67,5 bilhões. 

Se aprovado, o crédito com recursos do FGTS poderá ser contratado por micro e pequenos empresários via aplicativo de celular, mais precisamente, o Caixa Tem.

A conta poupança social digital foi criada com o propósito inicial de unificar os pagamentos do auxílio emergencial, mas com o passar do tempo, foi incrementada e passou a ser utilizada pelo governo para viabilizar diversas outras medidas sociais. 

Diante da garantia vinculada ao FGTS, a nova modalidade de empréstimo teria um maior potencial em relação ao microcrédito lançado pela Caixa Econômica pela mesma plataforma no mês de setembro. A recente iniciativa tem sido liberada gradativamente com cautela, perante taxas de juros de 3,99% ao mês e empréstimo de até R$ 1 mil. 

Na oportunidade, o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, e o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, falaram positivamente do novo modelo de empréstimo, embora não tenham dado detalhes sobre o mesmo.

“Isso vai ser transformador para o Brasil. Vamos poder emprestar para os negativados”, disse o presidente da Caixa. 

A intenção é regulamentar a proposta através de uma Medida Provisória (MP), modificando a lei do FGTS. Perante a legislação atual, os recursos do fundo de garantia podem ser aplicados somente no setor de habitação, saneamento e obras e infraestrutura. 

Laura AlvarengaLaura Alvarenga
Laura Alvarenga é graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário do Triângulo em Uberlândia - MG. Iniciou a carreira na área de assessoria de comunicação, passou alguns anos trabalhando em pequenos jornais impressos locais e agora se empenha na carreira do jornalismo online através do portal FDR, onde pesquisa e produz conteúdo sobre economia, direitos sociais e finanças.