Na China, a política intervencionista do governo para com as empresas de tecnologia do país, que acontece em meio a uma disputa de forma hegemônica com os EUA, deve causar ainda mudanças relevantes na configuração atual do mercado financeiro mundial.
Os especialistas avaliam que a China vem demonstrando de forma cada vez mais forte que não aceitará um aumento acentuado de alguns negócios digitais que possam ameaçar no longo prazo os planos do Partido Comunista para a economia do país.
Na última sexta, 3, aconteceu o indício mais recente nesse sentido, quando o Grupo Didi, tido como o “Uber da China”, comunicou que deixará de ter cotação na Bolsa de Nova York após pressão das autoridades chinesas.
As ações do Grupo Didi, após ter feito a segunda maior abertura de capital de uma empresa da China nos Estados Unidos, vem caindo, acumulando uma queda de 56,6%. Somente na última sexta, os papéis despencaram 22,2%.
A estreia da empresa na Bolsa americana ficou em segundo plano após o início de uma investigação sobre cibersegurança do governo chinês, que incentiva as grandes empresas de tecnologia do país a cotar as ações em seus mercados, como Hong Kong, Xangai, Shenzhen ou Pequim.
Após meses seguidos de pressão vinda do governo chinês, o golpe de misericórdia parece que veio dos EUA. A agência que faz a regulação das atividades da Bolsa americana (SEC) passou a utilizar uma norma que permite retirar as empresas estrangeiras que não tenham uma auditoria autorizada, regra que engloba todos os grupos chineses em Wall Street.
Após a adoção desta postura, a empresa Didi Chuxing comunicou que estava deixando a Bolsa americana. Após considerações cuidadosas, (a Didi) iniciará o processo de retirada da Bolsa de Nova York a partir de hoje e começará os preparativos para a cotação em Hong Kong”, disse a empresa em nota.
Somando cerca de 500 milhões de usuários e 15 milhões de motoristas parceiros, a Didi é a líder isolada no mercado de apps de transporte na China. A empresa é dona da 99 no Brasil.