Para analistas do Bradesco, Black Friday foi decepecionante; entenda o motivo

Pontos-chave
  • Black Friday foi considerada fraca por analistas de mercado
  • Categoria de Eletroportáteis se destacou nas vendas
  • Black Friday trouxe um faturamento total de R$ 5,4 bilhões

Na última sexta aconteceu a Black Friday, a data de promoções mais esperada pelos consumidores de todo o mundo. Porém, mesmo considerando todos os fatores negativos que pairam neste ano, os especialistas de mercado consideram que a data não atingiu as expectativas. Entenda.

Um levantamento da Neotrust revelou que a Black Friday trouxe um faturamento total de R$ 5,4 bilhões, representando um aumento de 5,8% em comparação com o montante levantado em 2020. Foram consideradas as compras efetuadas no e-commerce entre a quinta, 25, até às 23:59 da sexta, 26.

Paulina Gonçalves Dias, head de Inteligência da Neotrust, disse ao InfoMoney que o faturamento ficou abaixo da expectativa. Ela relembra que neste ano, foram 5,2 milhões de pedidos na sexta, 2,4% abaixo do registrado no mesmo período em 2020. 

Durante o período acompanhando pelo analistas, o volume de pedidos foi de 7,6 milhões, ficando 0,5% abaixo do desempenho registrado na quinta e na sexta do ano passado. Por sua vez, o tíquete nacional das compras foi de R$711,38 em média, 6,4% mais alto que em 2020.

Paulina destaca que o valor do frete caiu 12% em média em comparação com o último ano, ao passo que o oferecimento de frete grátis na compras cresceu 0,6 ponto percentual. Isto leva a crer que as lojas utilizaram esta estratégia para chamar a atenção dos compradores. 

Outro ponto destacado foi a entrada da categoria Eletroportáteis no Top 5 de vendas na Black. 

“Nessa categoria, o destaque foram as compras de fritadeiras e aspirador de pó. Na categoria Moda e Acessórios, o maior desconto foi dado no segmento de calçados femininos e o menor desconto foi para moda masculina. Dentro da categoria Beleza e Perfumaria, o maior desconto ocorreu em itens para o corpo e o menor em itens de barbearia”, disse Paulina ao Info Money.

Em um relatório desde domingo, 28, o Bradesco considerou os dados revelados pela Neotrust “decepcionantes”. Porém, é avaliado que as maiores plataformas de e-commerce devem comunicar um volume bruto de mercadorias (GMV) acima do reportado pela Neotrust, assim como foi visto em 2020.

Os analistas reconheceram que de modo geral, a demanda do consumidor caiu, em especial, para itens facultativos de custo elevado, como eletrônicos e linha branca, que respondem por cerca de 50% do GMV de e-commerce braseiro.

Porém, estes resultados não são surpresa para os investidores, uma vez que as próprias empresas já estavam projetando que ao longo do terceiro trimestre, se instauraria um ambiente de demanda menor.

Mas, mesmo com isso, é esperado que este cenário estimule uma narrativa mais precavida em torno do comércio eletrônico, que vem registrando crescimento nos últimos meses.

Por fim, o time analista afirma que alguns efeitos negativos poderiam acontecer se as perspectivas de crescimento fossem tão ruins quanto os dados da Neotrust sugerem, ao passo que grande parte das varejistas possuíam altos níveis de estoque para a Black Friday.

“Esperamos algum impacto negativo sobre as ações dos nomes de comércio eletrônico listados na Bolsa, embora limitado, dado que os preços das ações na sexta-feira (26) parecem já ter reagido. Além disso, o setor tem sofrido nos últimos meses e o ambiente mais desafiador já parece estar no preço das ações”, avaliou o Bradesco BBI.

De acordo com a Cielo-ICVA (Índice Cielo do Varejo Ampliado), o varejo do Brasil nesta Black Friday teve um crescimento de 6,3% no faturamento nominal em comparação com o ano passado. Mesmo com esse resultado, o patamar de faturamento do varejo, em termos nominais, foi 9,1% menor ao registrado em 2019.

Sobre as principais categorias compradas, a NielsenIQ|Ebit destacou os segmentos de telefonia, eletrodomésticos e eletrônicos, ao passo que a Neotrust destacou os segmentos de bebidas, alimentos e moda.

Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.