Banco Inter é mais uma empresa brasileira a ir para os EUA; entenda

Pontos-chave
  • O Banco Inter será listado na bolsa americana Nasdaq;
  • A instituição financeira tem o objetivo de expandir globalmente;
  • Outras empresas também seguem a tendência de migrar ações para Nova York.

Em novembro, o Banco Inter anunciou sua ida para a Nasdaq, bolsa americana conhecida por abrigar companhias de tecnologia. Na última quinta-feira (25), o Inter informou que os acionistas da fintech aprovaram a transferência.

Banco Inter é mais uma empresa brasileira a ir para os EUA; entenda
Banco Inter é mais uma empresa brasileira a ir para os EUA; entenda (Imagem: Montagem/FDR)

Anteriormente, a instituição financeira já tinha obtido autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para a alteração. De acordo com o Inter, a mudança de listagem tem o intuito de conseguir “mais acesso aos mercados de capitais globais”.

Desse modo, o Inter espera obter “potencialmente, uma base de investidores maior e mais diversa”. O banco também visa a permissão do mercado de capitais americano de emissão de ações com voto plural.

Assim, o Banco Inter terá como fazer operações de aumento de capital — e garantir a manutenção de controle atual da instituição financeira.

Em outras palavras, o empresário Rubens Menin e familiares poderão manter o controle do Inter via ações de Classe B — que possui maior poder voto —, apesar das emissões futuras de ações Classe A.

Situação dos acionistas do Banco Inter

Os acionistas poderão decidir entre sacar suas participações ou receberem BDRs, que poderão ser convertidos em ações Classe A negociadas na Nasdaq.

No caso dos acionistas que decidirem pelo resgate, o Inter pagará R$ 45,84 por unit ou por três ações preferenciais. Este é um preço 22% maior do que o registrado no fechamento da última quinta-feira (25), de R$ 37,56 por unit.

A próxima quinta-feira (2) será a data limite para decidir pelo direito de resgate. Já a listagem definitiva do Banco Inter na Nasdaq é projetada para o dia 28 de dezembro. A estimativa considera o cumprimento de prazos legais.

Benefícios da migração para os Estados Unidos

De acordo com o Inter, o processo de ida a Nova York tornará mais conhecida a sua operação — e mais comparável a outras instituições financeiras e plataformas de e-commerce mundiais.

Ao longo do tempo, o banco destaca que evoluiu seu modelo de negócio para um ecossistema com cinco “avenidas”. São estas: Crédito, Day-to-Day Banking, Shopping, Seguros e Investimentos.

Em fato relevante, a fintech cita alguns pontos positivos para a reorganização e mudança do ambiente de listagem:

  • Abertura de novos negócios e acesso a oportunidades apoiando a aceleração de planos de expansão global do grupo. Com isso, será possível aumentar a base de clientes, serviços e oferta de produtos;
  • Potencial de diversificação e expansão da base de investidores. Como resultado, será possível aumentar a liquidez da fintech, de modo a tornar mais atrativa;
  • Maior acesso ao mercado de capitais mundial — por meio de nova listagem com estrutura de capital mais eficiente. O resultado seria a ampliação da capacidade de investimento e crescimento da instituição em todas as linhas de negócio;
  • Reposicionamento do Inter, permitindo participação em futuras oportunidades globais de mercado, com aquisição de ativos estratégicos, combinação e consolidação de negócios.

Empresas brasileiras vêm considerando migrar para a bolsa americana

Além do Banco Inter, outras empresas brasileiras com ações na B3 — como Natura, Locaweb e Americanas — estão se preparando para negociar seus papéis nos Estados Unidos.

Ao realizar essa migração, as companhias procuram mais estabilidade, além de menor exposição ao risco brasil. Outro motivo é a busca de facilidade de acesso a novos investidores para o financiamento de objetivos de internacionalização.

Ao Estadão, o sócio do PGLaw e professor na USP, Carlos Portugal Gouvêa, afirma que, atualmente, a imagem do Brasil não é positiva. Ele declara que diversos investidores internacionais deixaram de admitir compra de ações de empresas brasileiras por conta das fragilidades do sistema societário local.

Gouvêa entende que o Brasil precisa, urgentemente, “reformas para proteger os direitos dos minoritários”. Caso contrário, ele acredita que o mercado desaparecerá gradualmente — ou se tornará “algo apenas para investidores locais mens sofisticados”.

O sócio da área de mercado de capitais do escritório Mattos Filho, Caio Cossermelli, as eleições de 2022 poderão acelerar a tendência de companhias migrarem as ações para Nova York. Segundo ele, diversas empresas entendem que “pode valer a pena estar listada em um mercado com mais estabilidade”.

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Silvio Suehiro
Silvio Suehiro possui formação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atualmente, dedica-se à produção de textos para as áreas de economia, finanças e investimentos.