- Bolsonaro usa novo projeto social como estratégia política para reeleição;
- Oposição com Lula torna sua candidatura mais instável;
- Brasil retorna ao mapa da fome e crise amplia seus índices de rejeição.
Agenda social do país como estratégia política de reeleição. Nessa semana, o presidente Jair Bolsonaro passou a anunciar uma série de novas medidas para a implementação do Auxílio Brasil. O projeto que irá substituir o Bolsa Família tem sido visto pelo chefe de estado como um trunfo para sua candidatura em 2022.
Enquanto o país vivencia uma das maiores crises econômicas, sociais e sanitárias de sua história, Brasília segue fervendo para desenhar o escopo das eleições presidenciais de 2022. Para Bolsonaro, a adoção do Auxílio Brasil pode servir como uma forma de estreitar laços com o eleitorado de baixa renda.
Como o Auxílio Brasil beneficia Bolsonaro?
O principal motivo pelo qual o presidente vem lutando para travar um projeto social com sua assinatura é a repercussão positiva diante das famílias em situação de vulnerabilidade. Quando eleito, em 2018, ele não contou com a aprovação desse eleitorado.
É válido ressaltar que seu principal corrente é o ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conhecido justamente por sua forte atuação no campo social. Durante seu mandato, Lula ampliou o Bolsa Família e implementou uma série de novos projetos para esse público.
Ações como o Minha Casa Minha Vida, Farmácia Popular, Sistema Único de Saúde, Fies, Prouni e o sistema de cota nas universidades públicas comprovam seu comprometimento em atuar no combate os indicativos de pobreza e extrema pobreza.
Em seu governo, Lula foi consagrado pela ONU por tirar o Brasil do mapa da fome. Enquanto atualmente, na gestão de Bolsonaro, esses índices negativos voltaram a crescer. De modo geral, nos bastidores políticos, afirma-se que o presidente não dialoga com as bases.
Isso justifica então seu interesse na consolidação do Auxílio Brasil e o aumento das mensalidades para R$ 400. Para se reeleger, Bolsonaro sabe que precisará refazer relações com os mais vulneráveis, que reprovaram sua candidatura em 2018.
Diante do atual cenário de crise, onde a fome e a miséria estão em acessão, sua agenda social pode ser fundamental para garantir a renovação de seu mandato, que por enquanto tem uma rejeição de mais de 50%.
Lula inicia corrida eleitoral e dificulta estratégia de Bolsonaro
Acompanhando a agenda social de Bolsonaro, seu opositor já se manifestou sobre sua iniciativa de aumentar o Auxílio Brasil para R$ 400:
“Tô vendo agora o Bolsonaro dizendo que vai dar auxílio emergencial de R$ 400 que vai durar até o final do ano que vem. Tem muita gente dizendo que não podemos aceitar, é auxílio emergencial eleitoral. Não, eu não penso assim. Penso que faz mais de 5 meses que o PT pediu um auxílio de R$ 600. Aliás, o PT pediu e mandou uma proposta para a Câmara dos Deputados de um novo Bolsa Família de R$ 600. O que queremos é que o Bolsonaro dê um auxílio emergencial de R$ 600. ‘Ah, ele vai tirar proveito disso’, é problema dele”, afirmou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Desde que o Supremo Tribunal Federal autorizou sua candidatura, Lula passou a viajar pelo país para elaborar suas alianças políticas. Espera-se que ele confirme sua candidatura oficialmente no início de 2022, sem ainda previsões de quem ocupará o cargo de vice.
Desde o início da concessão do auxílio, Lula reforça que Bolsonaro vem sendo displicente com a população de baixa renda, ressaltando os impactos da crise e a necessidade de tirar a população de uma realidade onde a fome se faz presente.
“Se alguém acha que vai ganhar o povo porque vai dar salário emergencial de R$ 600, paciência. Eu acho que o povo merece os R$ 600 e ele tem que dar, não tem que ficar inventando, e nós reivindicamos isso. Não podemos querer que o povo continue na miséria por causa das eleições de 2022”, publicou em seu perfil do twitter.
A previsão é de que Bolsonaro decida o funcionamento do Auxílio Brasil até o fim deste mês, com fortes chances de reprovação pelo Congresso devido as suas estratégias para violar o teto de gastos.