Mil dias de Bolsonaro: O que a economia do Brasil viveu durante este período?

Pontos-chave
  • Mil dias de governo Bolsonaro fez Economia flutuar entre expectativa e realidade;
  • O troca-troca em cargos estratégicos foi algo comum no governo;
  • Especialistas avaliam que o governo pecou na aprovação de projetos voltados para a melhoria do mercado de trabalho.

Já se passaram mil dias desde que o atual Presidente da Republica, Jair Bolsonaro, passou a comandar o Brasil. Neste período, o ministério da Economia navegou entre a expectativa e a realidade de diversas propostas e projetos.

Mil dias de Bolsonaro: O que a economia do Brasil viveu durante esse período?
Mil dias de Bolsonaro: O que a economia do Brasil viveu durante esse período? (Imagem: Eduardo Munhoz)

No âmbito da realidade, a reforma da Previdência foi aprovada, novas empresas públicas foram criadas (nenhuma vendida) e a quantidade de pessoas buscando uma oportunidade de emprego cresceu.

Além disso, o apoio de Bolsonaro à agenda liberal diminuiu ao passo que os esforços para uma possível reeleição aumentaram. 

Já no âmbito da expectativa, as reformas estruturantes, privatização de estatais e a redução de desempregados não aconteceu. 

As crises que se fizeram presentes nestes mil dias de governo, causaram a deteriorização da economia brasileira, em especial, durante a pandemia do coronavírus.

Diferente dos dois primeiros anos de Bolsonaro no comando, em que o Brasil entregou a inflação dentro da meta do Banco Central, em 2021, ela deve dobrar.

O IPCA-15 já passa de 10% em 12 meses, e a previsão é que feche o ano em 8,35%, superando o centro da meta, de 3,75%, e o teto, de até 5,25%.

Alta na gasolina 

Além de sofrer com os altos preços no supermercado, os motoristas também estão pagando caro no litro da gasolina. Antes de Bolsonaro assumir o cargo, o custo médio do litro do combustível era de R$ 4,33.

Já nos últimos dias, esse preço bateu a R$ 6,076, uma alta de 40,3% no período, de acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP). 

Isto refletiu diretamente na Petrobras. Diante da pressão vinda dos caminhoneiros, categoria que no geral demostra apoio ao presidente, fez com que Bolsonaro anunciasse que iria interferir na estatal.

A declaração teve um efeito imediato, fazendo as ações desvalorizarem de maneira histórica.

Trocas em cargos importantes 

O troca-troca em cargos estratégicos foi algo comum no governo, atingindo inclusive, a equipe econômica. Secretários como Paulo Uebel, encarregado da reforma administrativa, e Salim Mattar, nomeado para tocar as privatizações, saíram do governo insatisfeitos com a paralisação da agenda liberal.

“Tivemos um início de governo prometendo uma série de reformas liberais, mas poucas coisas avançaram, com exceções de questões menores, como a nova Lei das Falências e o novo marco do Saneamento. O resto vinha do governo Temer”, disse Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.

Sergio complementou dizendo que “O PIB global caiu 3,3% em 2020 e subirá 6% neste ano, enquanto que no Brasil caiu 4,1% no ano passado e deverá subir 4,7% em 2021, ou seja, na comparação com o resto do mundo nosso resultado é negativo”.

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Bolsonaro e Guedes (Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)

Desemprego 

Tido com um dos maiores desafios do país pelo governo, a fila de pessoas desempregadas ultrapassou os 13 milhões e está atualmente em 14,4 milhões.

Mesmo que esse resultado seja, em grande parte, decorrente da crise causada pela pandemia, os projetos da equipe econômica para criar empregos, como a Carteira Verde e o Bônus de Inclusão Produtiva (BIP), estão paradas.

Especialistas avaliam que o governo pecou na aprovação de projetos voltados para a melhoria do mercado de trabalho. Eles dizem que mesmo em pontos positivos que avançaram, como a reforma de previdência, a melhora no ambiente de negócios e concessões, foram oriundas de uma gestão anterior à atual.

De outra perspectiva, diversos especialistas enxergam um retrocesso na agenda liberal como o aumento, ainda que temporário, do IOF para custear o avanço do novo programa social que o governo quer colocar em pratica no ano eleitoral.

“O que fica mais forte hoje para o mercado e para os empresários é que este governo não tem uma estratégia. Não tem uma agenda clara. Ele foi eleito muito por causa do fracasso econômico de outros governos e partidos, prometendo uma agenda liberal ousada, e o que vimos foi o aumento das incertezas”, disse Juliana Inhasz, professora do Insper.

Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.