- O ministro das Comunicações pede que deputados e senadores apoiem a privatização dos Correios;
- A pauta deve ser prioridade na Câmara nesta semana;
- A possível privatização divide opiniões de especialistas.
Na segunda-feira (2), o ministro das Comunicações, Fabio Faria, realizou um pronunciamento nacional em rádio e TV sobre a privatização dos Correios. Ele defendeu a desestatização e pediu apoio de deputados e senadores para a medida. A pauta deve estar presente na Câmara nesta semana.
Durante o pronunciamento, o ministro Fabio Faria pediu o apoio de todos os deputados e senadores para a privatização dos Correios.
“Só assim manteremos essa empresa secular que tanto orgulha nossos brasileiros”, apela. Ele afirma que está é última oportunidade para que a estatal sobreviva.
Se a privatização se concretizar, o ministro informa que a empresa poderá crescer e competir, gerar mais empregos, oferecer novas tecnologias, obter mais eficiência, agilidade e pontualidade.
Para ele, apenas dessa forma os Correios poderão manter a universalização dos serviços postais. Esse ponto indica que o serviço possa estar presente em todas as partes do Brasil.
Aprimoramento da proposta de Privatização dos Correios
O ministro das Comunicações alegou que a autorização para a privatização, que será votada na Câmara, foi o resultado de um longo trabalho.
Ele disse que a proposta do governo passou por modificações, mediante relatoria do deputado Gil Cutrim (Republicanos-MA). Uma das alterações prevê um período de transição para a nova empresa. Além disso, há a indicação de um período de estabilidade para os funcionários dos Correios.
Segundo ele, primeiro, consultorias apoiaram o BNDES em um estudo detalhado sobre o que poderia ser preservado e melhorado na empresa e nos serviços oferecidos.
Após isso, na Câmara, o projeto de lei dos Correios foi aprimorado. Houve a determinação de limites de preço e uma tarifa social. Com isso, ele informa que “garantirá os serviços mesmo para pessoas que não podem pagar por eles”.
No entendimento do ministro, a corrupção prejudicou a empresa. Ele citou os escândalos do Mensalão e do Postalis. No entanto, Fabio Faria alega que o cenário mudou na gestão atual.
Em 2020, os Correios apresentaram lucro de R$ 1,5 bilhão. Segundo ele, o valor foi “fruto de um trabalho duro com melhorias na gestão, transparência e regras mais rígidas de combate à corrupção”.
Contudo, para que a empresa se mantenha competitiva, ele argumenta que há a necessidade de R$ 2,5 bilhões por ano em investimentos. Caso este valor fosse alcançado, Fabia entende que seria possível disputar mercado com outras empresas de logística e entregas que atuam no Brasil.
Privatização dos Correios deve ser prioridade na Câmara
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), declarou que a privatização dos Correios deve ser priorizada no retorno do recesso parlamentar nesta semana.
Na última quarta-feira (28), ao GloboNews, Lira revelou que a desestatização da empresa e a reforma do Imposto de Renda devem ser prioridade na primeira semana da volta dos trabalhos.
Perspectivas sobre a possível privatização dos Correios
Conforme levantado pelo UOL, os Correios têm sido lucrativos. Nos últimos 20 anos, a empresa repassou 73% dos resultados positivos acumulados ao governo federal — o único acionista.
No entendimento de críticos da privatização, estes dados apontam que seria um erro vender a estatal. Já alguns especialistas acreditam que os rendimentos dos Correios não são o principal motivo para levar em consideração.
No período de 2021 a 2020, houve 16 anos de lucro e quatro de prejuízo. Ao todo, a empresa possui o resultado líquido positivo de R$ 12,4 bilhões. O número se refere aos valores atualizados pelo IPCA. Neste período, os Correios repassaram R$ 9 bilhões em dividendos.
Os dividendos da empresa para a União ocorreu por 12 anos consecutivos, de 2002 a 2013. Por conta da recuperação do período de prejuízos, os Correios não repassaram os lucros desde então.
Ao UOL, o doutor em administração e professor do Insper, Sérgio Lazzarini, alega que os lucros dos Correios não significam que a melhor alternativa seja manter a empresa estatal. Para ele, o papel do Estado não é lucrar — mas investir em áreas de interesse público com retorno social.
Mesmo que os dividendos distribuídos possam auxiliar a bancar serviços essenciais, ele acredita que os valore investidos nos Correios poderão ter melhores resultados se aplicados diretamente em áreas mais urgentes.
Já para o vice-presidente da Associação dos Profissionais dos Correios (Adcap), os Correios são lucrativos e estão se valorizando. Ele alega que a venda da estatal atende apenas interesses de pessoas que buscam se apropriar de uma empresa lucrativa.