População denuncia processo de análise do INSS. Com a pandemia do novo coronavírus, milhares de pessoas passaram a recorrer ao auxílio doença para poder garantir uma fonte de renda. No entanto, levantamentos feitos a partir da própria base de dados da previdência federal relevaram que mais de 1 milhão de pedidos do benefício foram negados.
O auxílio doença nada mais é do que uma espécie de salário temporário concedido pelo INSS para o segurado que comprovar estar impossibilitado de exercer suas atividades de trabalho. Para ter acesso é preciso estar vinculado a previdência, fazendo mensalmente as contribuições.
Solicitações negadas
Porém, há muitos cidadãos que mesmo dentro das regras de concessão não estão tendo direito de receber o pagamento. A diarista Keila Aparecida dos Santos, de 46 anos, vem lutando pelo benefício há quase 2 anos.
Registrada desde 2016, em 2018 seu pagamento foi cancelado e até então não consegue resposta positiva do INSS.
No mês de fevereiro, Keila informou ter entrado com um novo recurso solicitando a revisão de seus dados. Sua perícia está marcada para o mês de abril, mas a diarista garantiu ter o laudo médico que comprove que suas hérnias de disco na coluna lombar a impendem de trabalhar.
“Não estou trabalhando e nem recebendo. Estou sobrevivendo com muita dificuldade, pois sou mãe solteira e meu filho tem 14 anos. Às vezes tento fazer um bico ou outro, mas a dor nas costas é constante”, conta. Keila tentou receber o Auxílio Emergencial no ano passado, mas também não conseguiu.
Números do INSS
De acordo com o último relatório do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), cerca de 39,3 milhões de benefício previdenciários foram recusados entre 2010 e 2020, quase 21 milhões foram referentes apenas ao auxílio-doença, ou seja, 53,2%.
O aumento nas recusas começou a ocorrer entre 2019 e 2020, com a validação da reforma da previdência. Nesse momento, o INSS vivencia ainda uma operação pente fino, fazendo o desligamento de milhares de pessoas que supostamente estão fora das normas de concessão.
“Essa sistemática de 2020 fez com que o número de requerimentos aumentasse de forma considerável, bem como a quantidade de indeferimentos, devido à duplicidade”, informa o instituto.