Pesquisa mostra dificuldade de trabalhadores negros em conseguir espaço no mercado de trabalho

Decorrente do crescimento do desemprego dos últimos anos no país, os trabalhadores negros qualificados estão entre os mais afetados. A dificuldade se concentra ainda mais para atuar na carreira cursada no ensino superior. Os dados fazem parte de um estudo da consultoria IDados.

Pesquisa mostra dificuldade de pessoas negras em conseguir espaço no mercado de trabalho (Imagem: reprodução/Google)

Desse modo, boa parte desses profissionais acabam atuando em cargos que exigem ocupações de menor qualidade. 

De acordo com os dados levantados pela consultoria, 37,9% dos homens negros e 33,2% das mulheres negras se encontravam na condição de sobre-educados, durante o primeiro semestre do ano de 2020. 

Os dados também são comparados ao ano de 2015, em que o percentual de homens negros com ensino superior ocupando cargos de nível médio ou fundamental eram de 33,6%. Ademais, para as mulheres negras neste mesmo ano, eram 27,3%. 

Motivos que afetam a população negra no mercado de trabalho 

De acordo com a pesquisadora do IDados, e também responsável pelo estudo, Ana Tereza Pires, há um motivo que contribui para o aumento de profissionais sobre-educados no mercados (aqueles que cursaram ensino superior, mas ocupam cargos de nível médio ou fundamental). 

A discriminação é, sem dúvida, um dos motivos do aumento de sobre-educados entre os negros. Há inúmeras evidências de que existe discriminação na hora da contratação quando o funcionário é negro“, disse a pesquisadora ao Portal G1. 

Ademais, outros motivos podem auxiliar a explicar o porquê da população negra estar entre a mais afetadas nos sobre-educados, é a política de cotas lugar.

Isso porquê a política auxiliou no aumento da quantidade de pessoas negras com diploma de ensino superior. Porém, o mercado de trabalho foi incapaz de receber esses novos profissionais capacitados. 

“A própria competitividade do mercado de trabalho também pode fazer com que um diploma não seja suficiente. Às vezes, a facilidade que é dada para o homem branco, por exemplo, de estudar numa escola particular, fazer cursos de inglês e ter outros treinamentos, pode se tornar um fator extra que acaba pesando na hora de o empregador tomar a decisão”, disse Ana Tereza ao Portal G1. 

Mercado de trabalho 

Conforme apontado pela pesquisa, no mercado de trabalho, o setor bancário possui, apenas, 23,1% dos empregados formais negros. No setor área, esse número representa 29,7%. Já no setor de óleo e gás é de 34,6%. 

Em contrapartida, no telemarketing a presença de profissionais negros é de 64,1%. Em limpeza urbana esse número chega a 55,4%. Na segurança, 52,9%.

 

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