Fim de projetos sociais poderá resultar em novos problemas para os brasileiros de baixa renda. Nas últimas semanas, o governo federal informou que, para criar o Renda Brasil, deverá suspender a manutenção de programas atualmente em vigor. Entre eles, está o Farmácia Popular, responsável por liberar o acesso de medicamentos para os menos favorecidos.
De acordo com analistas deste cenário, caso a decisão seja levada adiante, o fim do projeto causará uma desestabilização no Sistema Único de Saúde (SUS).
Atualmente, o Farmácia Popular é responsável por diminuir cerca de 27,6% das internações em todo o território nacional.
De acordo com dados levantados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), 8% dos índices de óbitos por hipertensão arterial e diabetes no SUS, entre 2003 e 2016, foram reduzidos mediante a existência do programa.
No entanto, mesmo com tamanha relevância, o governo avalia a possibilidade de cancelar sua manutenção. De acordo com o ministro da economia, Paulo Guedes, com os R$ 300 concedidos pelo Renda Brasil os cidadãos terão recursos para adquirirem seus medicamentos.
É válido ressaltar que, entre as drogas mais solicitadas, estão as destinadas ao tratamento de hipertensão arterial, diabetes, asma, dislipidemia, rinite, doença de Parkinson, osteoporose, glaucoma, incontinência urinária e anticoncepção. Atualmente, cerca de 21,3 milhões de pessoas são atendidas, com descontos que chegam até à 90%.
Representantes defendem permanência do Farmácia Popular
Sob a possibilidade de cancelar o projeto, atuantes no setor começaram a questionar as decisões do governo.
Sérgio Mena, presidente-executivo da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), relembrou que o Farmácia Popular foi responsável por salvar mais de 113 mil vidas, reduzindo cerca de R$ 150 milhões dos gastos do SUS em 2016.
— Sua extinção seria lamentável e comprometeria a adesão ao tratamento com medicamentos, o que geraria um custo ainda maior. O programa corresponde a apenas 1,4% das nossas vendas, mas para a população carente, representa 100% de sua chance de tratamento. Para quem precisa dele, é a diferença entre viver e morrer — avalia Sérgio Mena Barreto.
Já a presidente da ProGenéricos, Telma Salles, ressalta que o projeto é essencial não só a nível social, como também para contribuir com as folhas orçamentárias do governo.
— É até cruel encerrar um programa que oferece remédios para doenças complexas. Elas foram escolhidas porque podem derivar complicações graves. Diabetes não tratada pode levar à cegueira ou à amputação. Extinguir um programa com essa capilaridade e com esse tipo de resultado é um erro — afirma.