Na última quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (COPOM), decidiu em unanimidade pela redução em 0,75 p.p. para 3% ao ano da Selic. O número já o mais baixo de toda a séria histórica da taxa de juros.
Em notas da reunião, diretores deixaram claro que o corte poderiam ser ainda mais agressivo, mas que dada a instabilidade econômica, o corte será feito em etapas.
O mercado financeiro esperava um corte de 0,5 p.p e mais 0,5 p.p. até junho, chegando em 2,75% na metade de 2020.
Contudo além do último corte de 0,75 p.p., o Banco Central comunicou que o comitê considera mais um corte de 0,75 p.p. em junho, colocando a Selic em 2,25% na metade do ano.
Qual o impacto de uma taxa de juros tão baixa?
Além de estimular o consumo das famílias, a redução da Selic tem como foco principal a redução dos custos para novas linhas de crédito para o setor produtivo.
Considerando as últimas medidas econômicas, novos empréstimos do BNDES para empresas e a possibilidade de financiar a folha de pagamento, é esperado que empresas grandes e pequenas contraiam dívidas para sobreviver à crise.
Além disso, muitas empresas brasileiras já haviam contraído dívidas nos meses. Seja pelo baixo desempenho nos últimos anos ou pelo otimismo para 2020, muitas empresas já acumulam dívidas antigas.
Olhando por esse lado, a redução de juros têm um efeito muito benéfico: estimular a atividade produtiva e a manutenção de postos de trabalho.
Já existe um Projeto de Lei em análise na Câmara dos Deputados para proteger as empresas em problemas financeiros. O projeto em questão adia a execução de dívidas para empresas em recuperação judicial.
Selic mais baixa é ruim para os investimentos?
Embora seja mais conveniente ao investidores receber taxas mais altas em investimentos com baixo ou nenhum risco, é o caso do Tesouro Selic por exemplo. Esse cenário é nocivo para o país de maneira geral.
Em um período tão arriscado, taxas de juros muito atrativas poderiam retirar investimentos do setor real, o que atrasaria ainda mais o horizonte de recuperação pós-covid.
No primeiro momento, os juros mais baixos favorecem as famílias e também empresas que precisem adiar ou financiar pagamentos.
Porém, o novo cenário também é benéfico ao mercado financeiro, já que incentiva os grandes investidores a transformar o patrimônio parado em capital produtivo.
Olhando para um horizonte mais curto de investimento, a queda na Selic vai acabar reduzindo a rentabilidade de quem investe apenas na poupança ou renda fixa.
No caso da poupança, por exemplo, o rendimento anual é de 2,10% e ainda pode chegar a 1,57% até o meio do ano. Provavelmente esse rendimento não consiga cobrir nem a inflação do período, ou seja, mesmo com os juros o valor total resgatado não compraria menos coisas do que o recurso investido no passado.
Onde investir com juros tão baixos?
A decisão do Banco Central sinaliza aos investidores a necessidade aumentar o horizonte de investimentos, não à toa que os títulos mais atrativos do Tesouro Direto são aqueles com o vencimento mais longo.
Existem 3 importantes variáveis para escolher investimentos:
- Rentabilidade;
- Segurança;
- Liquidez.
Como o corte de juros compromete a rentabilidade dos investimentos em Renda Fixa, e o cenário atual dificulta os investimentos mais arriscados, o mais indicado para quem busca mais rentabilidade é abrir mão de parte da liquidez.
Os investimentos com menor liquidez, aqueles com prazo de resgates mais distante, ainda oferecem retornos mais atrativos e superiores à inflação.
O investidor também vai precisar ficar mais atento às taxas reais de juros, ou seja, a rentabilidade acima da inflação. Nesse ponto, os títulos com juros reais, Tesouro IPCA+ por exemplo, vão garantir aos investidores uma rentabilidade acima da inflação.