Após balanço que comprova a desigualdade na distribuição de recursos do Bolsa Família, parlamentares se reúnem para pedir explicações sobre quais os critérios utilizados na hora de definir os repasses por região. Divulgado na última semana, o estudo mostrou que os estados do Nordeste, local com maior quantidade de registros no Cadastro Único, foram os menos contemplados.
Mediante aos fatos, o Presidente das Frentes Parlamentares em Defesa do Nordeste e em Defesa do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), o deputado Danilo Cabral (PSB-PE), informou que estará se reunindo com o governadores e demais políticos nordestinos para cobrar ao ministro da cidadania, Onyx Lorenzoni, os devidos esclarecimentos sobre o caso.
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Segundo o levantamento realizado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), o Sudeste foi beneficiado com 45,8% dos benefícios no mês de janeiro. O sul, ficou com 29,3%. O Norte com 6,8%. A região Centro-Oeste com 15% e o Nordeste com apenas 3%.
No entanto, é válido ressaltar que o território responde por 36,8% das famílias cadastradas no projeto, sendo o que contém o maior número de brasileiros em situação de extrema pobreza.
Ao solicitar que o ministro Onyx se posicione e explique os critérios do repasse, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) alegou que o poder público estadual deseja provas concretas que levem em consideração as avaliações do próprio Bolsa Família e índices do PIB nacional.
Há rumores de que a diminuição dos recursos, em específico para o Nordeste, está relacionada as forças políticas. Durante o período eleitoral, em 2018, a região foi a única que não elegeu o atual presidente Jair Bolsonaro. Além disso, grande parte dos governadores representam sua oposição.
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“Vamos apresentar na terça-feira um requerimento de convocação ao ministro Onyx para que ele vá explicitar os critérios que legitimaram essa decisão do governo de retaliar a região Nordeste”, disse Cabral.
“Trata-se de uma postura preconceituosa e discriminatória do presidente Jair Bolsonaro. Foi uma opção política do presidente”, explicou Jereissati.
Apesar da reunião de esclarecimentos ainda não ter sido marcada, Onyx, em entrevista ao Valor Econômico, alegou que está cumprindo as exigências da pasta do Bolsa Família para poder redistribuir os benefícios. Segundo ele, há uma possibilidade de mudanças desses critérios, que poderão ser apresentadas a longo prazo.
“Daqui a 20 dias vamos apresentar as mudanças. O Ministério da Cidadania é responsável por tocar a reformulação de programas sociais, entre eles o Bolsa Família”, afirmou.