Mesmo estando em 2020, mulheres seguem sendo alvo de machismo no que diz respeito aos salários. Uma pesquisa realizada pelo especialista Bruno Ottoni, da Consultoria IDados, relevou que 70% das mulheres possuem formação mais elevada que os homens e ainda assim têm salários mais baixos.
O estudo revelou que dos trabalhadores que ganham até um salário mínimo, apenas 11% apresentam o nível superior completo ou incompleto, enquanto as mulheres ocupam o restante da porcentagem.
Leia também: Emprego no Nubank: blog da empresa dá dicas de como conseguir a vaga
Entretanto, mesmo obtendo um maior conhecimento, seus salários são mais baixos do que os masculinos, independentemente do cargo em que ocupe.
Atualmente, o país contabiliza aproximadamente 1,9 milhões de profissionais que recebem até R$ 1.045 (novo salário mínimo), sendo a maioria dos cargos ocupados por mulheres.
Ottoni explica que a limitação salarial feminina deve estar relacionada ao tempo de trabalho. Segundo ele, as mulheres passam menos tempo nas empresas por causa de seus afazeres domésticos.
“As mulheres trabalham menos horas por semana e gastam mais tempo com o trabalho doméstico, e isso ocorre em todas as faixas de renda. Elas também são maioria entre os informais, que ganham menos. Todos esses fatores, de certa maneira, ajudam a explicar o porquê de haver essa maior quantidade de mulheres nesse grupo de trabalhadores qualificados que ganham até um mínimo”, afirmou.
Segundo os dados do IBGE, as mulheres dedicam aproximadamente 20h semanais as atividades domésticas, o que é o dobro do tempo gasto pelos homens. Essa diferenciação acaba por interferir na contratação das mesmas que são vistas como menos produtivas pelas empresas.
É válido ressaltar que tais números e afirmações precisam levar em consideração a cultura mercadológica machista. Uma vez em que o Brasil é tradicionalmente conhecido por diminuir o sexo feminino enquanto profissional, especialista e mais.
De modo geral, as mulheres são culturalmente vistas como um sexo frágil, responsável por desempenhar tarefas do lar. Entretanto, há muitas, mesmo que sejam uma minoria, que ainda passam mais tempo nas empresas do que os homens, e apresentam um empenho profissional e organizacional muito mais elevado.
Formada em Administração e pós graduanda em gestão de pessoas, Monalisa Ramos Leite trabalha na área jurídica de uma empresa de telefonia em Teresina, no Piauí, ganhando um salário mínimo.
Ela afirma em entrevista ao jornal O Globo que há meses vem procurando por uma vaga, mas encontra dificuldades pois apenas os homens conseguem se destacar em sua área.
“O que me decepciona é que a gente não ganha como um profissional da minha área tem de ganhar”, afirmou.